Neste episódio a equipe do aroaceiros responde a perguntas enviadas pela comunidade através do curiouscat.
Participantes: Mojo, Eduarda, Catarina, Morfeu
Convidade: Calisto
Edição: Ash
Transcrição de Áudio – Episódio 5: Tirando Dúvidas do curious cat
[Música]
Mojo: Oi, pessoal. Tudo bem? Eu sou o Mojo e a gente tá começando mais um episódio do podcast Aroaceiros. Hoje a gente vai receber algumas perguntas que a gente recebeu pelo curious cat, porque nós estamos recebendo muitas perguntas e muitas delas são muito parecidas, então a gente decidiu dar umas respostas mais completas usando o nosso podcast.
Hoje temos comigo: Morfeu, a Catarina e a Eduarda, que fazem parte do quadro de participantes do aroaceiros. E o nosso convidado é o Calisto que vai falar um pouquinho também com a gente.
Calisto: Oi, gente. Eu sou Calisto.
Catarina: Oi, gente. Sou a Catarina.
Eduarda: Oi, gente. Sou a Eduarda.
Morfeu: Olá, eu sou Morfeu.
[Música de intervalo]
Mojo: Vamos então pra nossa primeira pergunta: “É possível ter uma orientação sexual e outra orientação romântica? Tipo elas são diferentes”
Nisso a gente entra naquela teoria, como que fala em português?
Calisto: Modo de atração dividida ou separada… Modelo no caso.
Mojo: É… Tipo isso. Alguém gostaria de responder essa pergunta?
Calisto: Sim. A resposta curta é essa. [risos] Mas tem várias pessoas que sentem atração sexual só pra um gênero ou gêneros específicos e atração romântica pra outros. E isso dá muito o que falar tem essa ideia de que isso só é possível se você for assexual ou arromântico.
E na verdade, não tem nada que limite isso. Esse modelo nem foi necessariamente que nossas comunidades criaram, mas sim é algo que as nossas comunidades usam mais ou que são mais comuns na gente, por sermos assexuais e termos outra orientação romântica e enfim…
Mas é algo que pode ocorrer com qualquer um de qualquer sexualidade ou romanticidade.
[Música de intervalo]
Mojo: A próxima pergunta é: “É possível ser aroace, aro ou ace e não-monogâmique?”
Morfeu: Sim. Em questão de relacionamentos também. Sempre lembrando que não é porque uma pessoa é ace ou aro que ela não vai ter relacionamentos de cunho romântico ou queerplatônico. Então você pode muito bem ser aroace, como no meu caso e eu nunca tive nenhum relacionamento monogâmico… E nenhum relacionamento nenhum… Mas eu teria um relacionamento não-monogâmico tranquilamente.
Mojo: Eu acho que as pessoas ficam muito confusas por causa de estereótipos quando elas tentam falar desse tema porque as pessoas associam muito a pessoas assexuais que elas procuram ume parceire ideal e que essu parceire vai ser especificamente alossexual, não sei por que, mas elas acabam tendo muito essa ideia, de que toda pessoa assexual também é aro e que são aroace estrite e que não tem porque você querer se relacionar de maneira não monogâmicoa quando você é assexual.
Porque as pessoas associam a não monogamia a putaria e a assexualidade a celibato, então isso acaba gerando várias dificuldades de entendimento porque as pessoas não tem um entendimento mais desenvolvido sobre esse tema, então elas acabam associando com várias ideias erradas e que se contrapõem. Como que a pessoa vai ser celibata e ir atrás de putaria? Basicamente isso.
Como uma pessoa vai ser arromântica, uma pessoa supostamente fria, e vai querer namorar várias pessoas ao mesmo tempo? É isso que as pessoas ficam pensando e na verdade não é isso. Relacionamentos não monogâmicos são múltiplos, não é só poliamor, não é só trisal, são múltiplos, com vários formatos e maneiras diferentes. E cada pessoa aro, cada pessoa ace, cada pessoa aroace é única, elas podem ter várias experiências diferentes e tá inserida em vários grupos diferentes. E não tem como a gente falar que não tem como ser por causa disso e daquilo.
E tem que levar em consideração também que são espectros. É o espectro aro e o espectro ace. Tem várias possibilidades. Tem como você ser arromântique e estar num relacionamento romântico porque tem a área cinza e esse relacionamento ser aberto porque a outra pessoa na verdade é assexual estrita sexo-repulsiva* [risos] e não ter interesse nisso e por isso abriram o relacionamento, enfim, existem milhares de possibilidades.
[5:06]
A gente vai falar desse assunto mais detalhadamente em episódios futuros. Mas enfim, é possível, sim.
[Música de intervalo]
Mojo: Agora a gente vai pra pergunta número três: “Ume ace estrite pode gostar de sexo?”
Pode, claro que pode. As pessoas associam muito a ideia de que a pessoa é assexual, então não sente atração sexual, então não quer transar e não vai gostar dessa atividade. E assim, ela [uma pessoa assexual] pode sentir 0 ou pouca atração sexual, começa aí. Não é necessariamente todo mundo ace estrite.
Mas como a gente tá falando nesse caso de uma pessoa ace estrita, ela não vai sentir atração sexual. Mas ela não pode ter interesse [em sexo]? Ela não pode ter curiosidade? Não pode usar sexo como demonstração de afeto?
E ainda, sexo é uma atividade. A pessoa pode simplesmente gostar dessa atividade, achar legal, gostar do que ela sente fisicamente. É até por isso que a gente tem aquelas classificações. Então tem assexual que gosta, tem interesse, que é indiferente, que não gosta e não quer praticar, mas tá ok em ler sobre, conteúdo com [sexo], mas tem também quem não quer nem ler sobre e tem aversão total.
[Música de intervalo]
Mojo: Então a gente vai pra pergunta de número quatro: “Uma pessoa arromântica estrita pode gostar de romance ou relacionamentos românticos?”
Eu acho interessante a gente dividir essa pergunta em duas partes. Porque uma coisa é o romance em si e outra coisa é querer entrar num relacionamento romântico, são duas coisas diferentes, ao meu ver pelo menos. Mas existem várias pessoas aro estritas que querem entrar em relacionamentos românticos e gostam de estar em relacionamentos românticos, desde que haja consentimento.
E quando a gente fala sobre atração romântica, as pessoas ficam confusas porque parece que sexo é uma coisa mais simples, é uma atividade que pode acontecer só uma vez e pronto, mas você não tem como estar em um relacionamento romântico por um dia, porque é uma coisa construída com o passar do tempo. Então, elas acabam tendo pesos diferentes e resultados e influências diferentes na nossa vida.
E quando a gente fala de uma pessoa que não sente atração sexual, mas ela gosta da atividade, a pessoa pensa assim: “ta, é estranho, mas faz sentido a pessoa gostar de sentir prazer, ter um orgasmo, sei la”. Mas quando a gente fala de uma pessoa arromântica estrita, mas ela pode gostar de relacionamentos românticos? Ela pode desejar estar em um? Ela pode gostar de romance no geral?
É claro que ela pode, até porque não existe só uma maneira de ser uma pessoa arromântica, mas também a gente é condicionado a querer isso e, às vezes, a pessoa passou a vida inteira dela sonhando em ter um relacionamento romântico e ela quer muito isso, quando ela está dentro de relacionamentos românticos, ela gosta, mas ela não sente atração romântica, ela sente outros tipos de sentimentos pela pessoa, ela pode sentir atração queerplatônica por alguém e entrar num relacionamento romântico porque a outra pessoa sente atração romântica e o acordo dessas pessoas é estar num relacionamento romântico.
E eu acredito que muitas pessoas alorromânticas entram em relacionamentos que elas veem como românticos e na verdade são queerplatônicos, essa é uma área bem cinza de definições de relacionamento.
Morfeu: Eu sou uma pessoa arromântica estrita, até onde eu me identifiquei, eu me classifico dessa forma e eu não teria problema nenhum em entrar num relacionamento romântico, tipo, um relacionamento que teria essa clarificação como sendo um relacionamento romântico, com uma pessoa que seja alloromântica por exemplo, que esteja apaixonada por mim.
É claro que eu como pessoa arromântica estrita, não sentiria aquele amor romântico pela pessoa, aquela atração romântica, mas eu sentiria assim, um sentimento queerplatônico ou qualquer outro sentimento, sabe? Que me leva a querer ter um relacionamento mais íntimo com essa pessoa e não me importaria de ser um relacionamento romântico, inclusive, como sendo uma pessoa arromântica, eu gosto, de romance em geral, eu gosto da ideia de estar num relacionamento romântico, sabe?
[9:52]
Depois que eu me entendi, eu me amadureci como pessoa arromântica, eu vi que isso não seria um grande problema pra mim, então, dessa pergunta que eu coloquei, até porque poderia complementar aquela questão sabe, tanto de ace estrite de gostar de sexo, também tem isso de, uma pessoa que é aro estrite, ela tá correndo de relacionamentos, ela tá correndo de romance e não quer nada, quer viver sozinha com os gatos.
Claro, tem pessoas assim. E tá tudo bem ser assim, sabe? Não tem problema nenhum, mas se você é arromântico e é romance favorável, digamos, existe também e isso eu acho que pode acontecer muito e eu até gosto de falar da minha experiência, que eu sou uma pessoa assim e que, pra mim, eu entraria tranquilamente num relacionamento desse cunho.
[Música de intervalo]
Mojo: A gente passou então pra pergunta de número cinco: “Mesmo amando meu namorado, não tenho interesse romântico, posso me considerar aro?”
Morfeu: Depende. Por exemplo, você pode tá num relacionamento com a pessoa, amar ela de uma forma não romântica e estar nesse relacionamento e esse relacionamento estar bom, só que você não consegue sentir a atração romântica, porque a definição de arromântico é a falta parcial, total ou condicional de atração romântica, então se você tá num relacionamento com uma pessoa, não tem interesse romântico por ela e mesmo assim a ama de uma forma que não seja romântica e também não sente isso por outras pessoas, ou sente de uma forma condicional ou parcial, sim, você pode se considerar aro.
Mas se você tá num relacionamento romântico ou num relacionamento com a pessoa, ama essa pessoa de uma forma não romântica, mas consegue sentir atração romântica completa como uma pessoa alloromântica, então não, você não poderia se considerar aro.
[Música de intervalo]
Mojo: Pergunta de número 6: “Qual a diferença entre libido e atração sexual?”
Calisto: Então, libido é algo que tem mais a ver com seu corpo e seus hormônios e que não depende de ninguém pra acontecer, enquanto que a atração sexual é algo mais que acontece por causa de outra pessoa, quando você vê uma pessoa e você tem aquela atração por ela, aquela vontade assim, de transar com ela, e a libido não depende disso, libido pode ser só uma vontade de sentir o prazer sexual em si sem estar ligado a uma pessoa específica.
Mojo: É bem isso mesmo
[Música de intervalo]
Mojo: A gente vai pra pergunta de número sete: “É possível sentir atração sexual e romântica em momentos diferentes, mas nunca as duas juntas?”
Mojo: É possível sim, como a gente falou, quando a gente respondeu a primeira pergunta “É possível ter atração romântica e atração sexual diferente?” Se isso é possível, então é possível sentir atração sexual e romântica em momentos diferentes mas nunca as duas juntas, porque a gente tá falando aí do modelo de atração dividido, isso acontece quando as nossas atrações são independentes uma das outras, então elas podem acontecer em momentos específicos, elas podem acontecer de maneira sozinha e não influenciam uma à outra, elas podem até influenciar mas não necessariamente.
Isso é completamente possível não sentir as duas atrações juntas ou não sentir todas juntas ou sentir só dois tipos com uma determinada pessoa e o outros dois diferentes com outra pessoa e às vezes sentir um tipo de atração por uma pessoa agora, mas pra frente deixar de sentir esse tipo de atração e sentir outro tipo de atração pela mesma pessoa, isso é completamente subjetivo. E isso é completamente individual, né.
[Música de intervalo]
Mojo: Já que a gente estava falando sobre atração sexual e romântica, tem uma pergunta aqui que é sobre atração sensorial, pergunta de número oito: “Qualquer pessoa pode sentir atração sensorial?”
Calisto: Com certeza, é… você pode até não separar e dizer “a minha atração sensorial é essa aqui específica”, mas a atração sensorial é simplesmente aquela vontade de você beijar uma pessoa, ter um toque assim, físico, que não necessariamente seja sexual, então assim, várias pessoas experienciam isso mesmo que elas não classifiquem ou percebam isso e separem isso dos outros tipos de atração.
Mojo: Exatamente isso mesmo, as pessoas tem essa ideia… Não sei… Acho que porque a comunidade assexual e arromântica falam sobre os tipos de atração, mesmo que fale de maneira resumida e com poucos exemplos, as pessoas acham que é uma coisa exclusiva da nossa comunidade, quando não é. Todo mundo pode sentir esse tipo de atração.
[15:00]
[Música de intervalo]
Mojo: A pergunta número nove que eu separei aqui é, já que a gente estava falando sobre os tipos de atração é: “O que é um relacionamento queerplatônico?”
Mojo: Porque a gente entra na questão de o que é atração queerplatônica e o que seria um relacionamento queerplatônico. Sim, quando a gente fala sobre relacionamentos queerplatônicos a gente tá falando sobre os tipos de relacionamento que não são fraternais, mas também não são românticos, qualquer tipo de relacionamento que entre dentro dessa definição é um relacionamento queerplatônico.
Essa é uma definição muito ampla, muito aberta, então um relacionamento queerplatônico é diferente de outro, porque não existe um padrão determinado, assim como relacionamento românticos são muito subjetivos, mas eles são bem específicos assim, os queerplatônicos também são muito subjetivos, só que é qualquer tipo de relacionamento em que haja uma conexão emocional entre todas as partes e haja um acordo também e que não seja nem romântico nem fraternal.
Tipo, pode ser sexual, mas não exclusivamente sexual, é mais do que isso e mais no sentido de adição, eu sou um pouquinho confuso, enfim, é muito complicado pra eu definir o que é atração queerplatônica, porque ela é muito ampla e basicamente você sabe que isso não é romântico, mas você quer uma conexão com aquela pessoa.
E o nome “queer”platônico acaba causando um pouquinho de confusão, porque, por exemplo, eu tenho uma amiga que me perguntou assim, se é possível estar num relacionamento queerplatônico sendo que você não é uma pessoa queer e essa pergunta me matou, eu achei muito engraçado quando ela me perguntou isso, porque tem gente que acha que isso é um tipo de relacionamento que é exclusivo de pessoas queer quando não é, mas é um modelo de relacionamento que foge da ideia de relacionamento romântico ou apenas fraternal.
Só que a gente tem vários tipos de atrações queerplatônicas né, ela é bem grande e tem coisas que tão dentro dela, e as pessoas acabam confundindo com atração platônica, a atração platônica em si, basicamente falando, você sente atração romântica por uma pessoa, mas você não quer engajar com ela, você só quer manter de longe, uma coisa que quer ficar só no mundo das ideias e daí quando surge o termo queerplatônico, eu não sei, eu preciso pesquisar, mas ele não necessariamente está associado com a atração platônica em si.
Eduarda: E é sempre bom lembrar, que você só vai estar dentro de um se tiver uma conversa entre as duas pessoas e um acordo entre elas, porque eu sinto que tem bastante pessoas que falam “ah a gente tem tal tipo de relação, será que é um relacionamento queerplatônico?”
E… Bom… só vai ser a partir do momento que tu conversar com essa pessoa e estabelecer que é, ter uma conversa sobre isso, não é certo você deduzir que é sem aquela outra pessoa também estar de acordo com isso.
Mojo: Sim, tem que ser acordado entre todas as partes, e isso é muito importante. O que mais aconteceu quando a gente fez aquela Thread sobre relacionamentos queerplatônicos foi gente falando “Eu já tive um monte de relacionamentos queerplatônicos” E, tipo assim, existem casos muito específicos que as pessoas falam “nossa eu tava namorando praticamente já e não tinha percebido” e… Acontece.
Pode acontecer com relacionamentos queerplatonicos? Pode acontecer. Não significa que todo relacionamento que você teve foi necessariamente um relacionamento queeplatonico, precisa existir o consentimento de todas as partes, entende? E às vezes, existe esse consentimento e não acordado verbalmente, aí pode acontecer, como é que as pessoas falam? Organicamente.
Mas não é o caso 97% das vezes, as pessoas só concluem sozinhas “ah, então eu estava num relacionamento queerplatnico”, você por acaso sairia por aí falando “ah não, eu namorei aquela pessoa, só que ela não sabia”. Tipo, presta bem atenção no que você tá falando antes de falar.
Mas existem outros tipos de atração, tem gente que fala que esses sentimentos queerplatônicos, eles também podem ser chamados de atração terciária, que seria todo tipo de atração que não é romântica nem sexual e não necessariamente emocional. Então a gente tem, atração estética, alterous (ou alternativa) que é o desejo de proximidade emocional, sem necessariamente ser platônico ou romântico e tem também o esteramo, que são muitos tipos, mais específicos, eu vou entrar em contato com o pessoal da AUREA só pra me explicar isso.
Morfeu: Eu gostaria de lembrar também que você pode estar num relacionamento queerplatonico e vocês dois sentem atração romântica um pelo outro e vocês acordaram de estar num relacionamento queerplatônico ou você está num relacionamento queerplatonico e vocês não sentem atração romântica um pelo outro.
Então, independente do tipo de atração que você sente pela pessoa, você pode estar num relacionamento queerplatônico, pode ter uma conversa com a pessoa e decidir que o relacionamento é queerplatonico. E sobre a atração platônica, é diferente de um sentimento de amizade, eu acho que pra pessoa que nunca parou pra perceber que é diferente o que você sente, mas aí chegou o momento que eu senti por uma pessoa e é realmente diferente de uma amizade e é diferente do amor romântico.
[20:30]
[Música de intervalo]
Mojo: Pergunta número onze: “O que é allosexualidade e alloromanticidade compulsórias?”
Calisto: É a ideia de que, você tem que transar e você tem que ter um relacionamento romântico, que é forçado em todo mundo e basicamente você entra nesse tipo de relacionamento não porque você quer, mas porque você precisa. Porque todo mundo diz, porque todo mundo faz isso, todo mundo diz que é isso que você tem que fazer e acaba ocorrendo de você achar que gosta de uma pessoa mas na verdade, você acaba, depois de entrar no relacionamento ou depois de se afastar que não era realmente uma atração romântica ou sexual, que você estava fazendo realmente por uma compulsão.
Morfeu: Tem uma coisa que eu acho que muita gente que é aro deve concordar que na adolescência, principalmente adolescente mas não é só adolescente, tem muito aquela questão assim, de amigos falarem “ah, eu tenho crush em não sei quem”, você acaba se condicionando a ter um crush também, se forçando, se convencendo que você tá apaixonadinho por alguém sabe, isso também cai muito na alloromanticidade compulsória, que é isso de você se condicionar a sentir, se brigar de certa forma, a sentir algo ou sentir algo, se condicionando a sentir algo só que na verdade você não sente, você está se obrigando a fazer parte do que é normativo na sociedade e de allosexualidade compulsória também, eu acho que é o mesmo significado disso, só que no sentido sexual.
Porque é você, se “forçar” a sentir uma atração sexual, meio que se condicionar a sentir aquilo que você não está sentindo e até fazer coisas que você não quer fazer. Por exemplo quando eu era bem nova, uns 12 anos, eu sempre fui a mais nova da turma então todo mundo já tinha beijado, então era uma pressão incrível em cima de mim pra beijar, só que tipo, eu nem pensava isso, era tipo a última coisa que se passava pela minha cabeça, só que tipo, pela pressão eu acabei ficando com aquilo na minha cabeça que nossa eu tenho que achar alguma pessoa atraente, eu tenho que beijar tal pessoa sabe, então eu meio que beijei aos 13 anos nem porque eu tava com vontade, mas porque me exigiram tanto aqui que eu acabei me condicionando a querer e a fazer aquilo.
Calisto: Sim, eu já passei muito por isso que o morfeu falou, que outras pessoas falam que gostam de alguém e você pensa “ah, então eu também tenho que gostar mesmo de você” nem realmente ligue para aquela pessoa, ou mesmo eu querendo ser amigo de um garoto porque eu achava ele legal e todo mundo a sua volta falando: “você gosta dele, você gosta dele” e aí você acaba pensando “ah, tá então, eu realmente devo gostar”. Sendo que se ninguém não falasse nada você provavelmente não pensaria isso, porque você só acha a pessoa legal, mas as pessoas acabam te forçando a seguir aquilo.
[Música de intervalo]
Mojo: Então a gente vai pra pergunta de número doze: “O espectro aro, é realmente mais difícil de entender que o espectro ace?”
Mojo: Isso é muito subjetivo, porque na verdade, isso vai depender do seu entendimento próprio, tipo, quando você entende os tipos de atração, você começa a entender melhor como eles são na prática, só que quando a gente tá falando sobre o espectro aro, eu acredito que sejá das identidades aro né? O que cai dentro disso.
E as definições são extremamente parecidas, só que são sobre atração romântica. Só que o que eu acho que confunde muito as pessoas é aquolo que eu falei, sexo é uma atividade, eunquanoto um relacionamento romantico é uma coisa maior mais longa, ou supostamente as pessoas acham que deve ser mais longa, aí acabam misturando com várias questões mais subjetivas e tal. Mas a partir do momento que você passa a entender como funciona uma atração romântica pra você, você consegue entender onde você se encaixa . [25:30]
Não sei se essa pergunta também pode ser, ah será que é mais difícil se entender enquanto aro, do que é enquanto ace? E na minha experiência, experiências de amigos, a maioria deles teve mais dificuldade de se entender como aro, só que é uma questão extremamente subjetiva, eu não posso falar é, ou, não é. É uma questão que vai ser diferente para cada pessoa.
Calisto: É, eu acho que justamente essa questão do que é atração romântica, o que é romântico, varia muito da concepção de cada pessoa, então acaba sendo algo mais subjetivo e mais difícil de entender, no sentido de identificar o que isso significa pra você. E pra mim foi mais difícil me identificar como aro do que como ace.
[música de intervalo]
Mojo: Gente, agora a pergunta de número treze: “Fray-aros ou Fray-ace tem vontade de criar esse vínculo em específico, no caso, fray-ace e vínculo sexual e fray-aro, vínculo romântico. E também, é possível que sigam tendo atração depois de criar o vínculo?”
Mojo: Então, as identidade fray são sobre como você não consegue se manter sentindo atração depois de criar vínculo? Não. É exatamente sobre isso que a identidade fala, pessoas que sentem atração, mas depois que criam um vínculo com outra pessoa, elas param de sentir atração.
Só que pode ser um vínculo específico também, só que a gente tem que tomar porque, esse tem que ser um caso majoritário na sua vida, é muito fácil uma pessoa allo, entrar nesse tipo de definição, então fica um pouquinho difícil separar quem está realmente no espectro aroace e quem é realmente fray de quem é uma pessoa allosexual ou alloromantica que passou por determinadas situações.
Mas de longe, se você sente atração, você criou o vínculo e aquele é o vínculo que cortou sua atração, você não vai sentir atração depois. Frayaros podem sentir vontade de criar um vínculo romântico? Claro que sim, primeiro porque a pessoa consegue sentir essa atração e não a pessoa está mais suscetível a estar nesse tipo de relacionamento porque ela está sentindo essa atração e se uma pessoa que é estrita consegue sentir essa vontade, uma pessoa na área cinza com certeza consegue, o mesmo vale pessoas que são frayace.
Não é porque a pessoa deixa de sentir determinado tipo de atração que ela não vai ter vontade de criar esse tipo de vínculos, até porque, como a gente acabou de falar sobre allosexualidade e alloromanticidade compulsorias, é uma coisa que a gente está condicionado a querer, a pessoa quer, mas ela não consegue, ela não consegue manter, ela não consegue sentir atração.
[música de intervalo]
Mojo: E esse foi mais um episódio do podcast aroaceiros do nosso quadro respondendo perguntas. Muito obrigado por ouvir até aqui e com o tempo a gente vai respondendo mais perguntas do curiouscat, beleza? tchau, tchau.
Calisto, Eduarda e Morfeu: Tchau!
[Música de encerramento]
Com vozes de: Mojo, Morfeu e Eduarda;
Convidado: Calisto;
Edição e revisão: Ash;
Transcrição de áudio: Kayê, Sofia e Mojo; e Revisão da transcrição: Mojo.
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Uma resposta para “Podcast #5 – Respondendo ao Curiouscat”