Poema de Luna Evelyn
Sobre me assumir
Certa vez me deram duas mudas de uma planta, um coqueiro, na época eu estava fascinada por algumas coisas interessantes que li sobre as plantas, como elas eram “inteligentes” e “sensíveis”. Então, empolgada eu plantei as duas na frente de casa e todos os dias ia regar, chegava a elogiá-las secretamente.
Mas um dia voltando da universidade vi elas destruídas, algum animal tinha pisado nelas, fiquei triste e tentei salvar. Consegui recuperar, porém como elas ficavam em frente à minha casa eu não tinha como proteger e de novo elas foram machucadas.
Eu pensei comigo mesma que isso era cruel com as plantinhas, eu devia arrancar elas já que não teriam chance de crescer.
E foi isso que fiz.
Na verdade eu tentei fazer, umas delas eu arranquei e saiu com facilidade mas a outra por mais força que usasse não conseguia tirar da terra, as raízes estavam fundas demais.
Então, eu a deixei lá sem esperança que fosse crescer.
Não a regava, porque além de descrente, meu entusiasmo pelas plantas havia passado e o episódio me deixou um pouco para baixo.
Mas o coqueiro cresceu, sem que eu regasse ele.
O animal não passava mais e mesmo com o sol forte que queimava as folhas ela sobreviveu. Depois de um tempo eu vi que ela continuaria viva e comecei novamente a cuidar, me senti falsa porque eu havia tentado matá-la, eu a abandonei e agora depois de sozinha sobreviver voltei a dar suporte, voltei a elogiá-la.
Agora que ela está bonita e forte me sinto culpada por ter arrancado a outra muda, me sinto culpada por não ter dado o suporte para a que sobreviveu.
Ela está linda mas não por minha causa.
Ela viveu mas não por minha causa.
Eu quero ser como ela.
Quero que minhas raízes estejam tão fundas que aqueles que me amam não consigam me arrancar, mesmo que eles acreditem que isso seja o melhor para mim.
Quero crescer apesar do sol quente e da falta de cuidado.
Quero que depois de viva e bem eles olhem para mim e sintam que não precisavam ter tentando arrancar minhas raízes, porque sou forte.
O que realmente desejava era que cuidassem de mim, me regassem, protegessem e que se sentissem felizes por fazer parte do meu crescimento e vivacidade.
Era o que queria com meu coqueiro.
Mas infelizmente não posso contar com isso, então não é questão de desejar e sim precisar.
Hoje tenho orgulho dele e espero um dia ter o mesmo orgulho de mim.
Palavras do autor:
A poesia não é só para amantes românticos e o amor nem sempre será um fogo que arde sem se ver.
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Spirit: Luna Evelyn